segunda-feira, 2 de abril de 2012

Arroz Alternativo da Vovó


Assim como para a Mané, o arroz é um ingrediente que tem um significado festivo para mim. Os meus domingos de infância, em São Paulo, Brasil, eram sempre uma festa:
Acordávamos cedo, não tão cedo como durante a semana, mas ainda assim cedo. Vestia-mo-nos e íamos à missa da Igreja do Sagrado Coração. Eu, meus pais e meus dois irmãos. Ficávamos ao fundo da igreja, porque dizia o meu pai que não queria passar vergonha, já que éramos 3 crianças com idades muito próximas. Os adultos ficavam em pé e nós, quando podíamos, sentávamos no genuflexório do altar da Nossa Senhora de Aparecida. Bem, talvez o meu pai tivesse um pouco de razão, dado que algumas vezes aconteciam coisas estranhas, tipo: o meu irmão mais novo levar um balão(bexiga), enche-lo e esvazia-lo com aquele barulho característico no meio da homilia...
Acabada a missa, era chegada a ansiada hora do pacotinho de pipocas, um para cada criança, que eram religiosamente comprados pelo meu pai ao mesmo senhor pipoqueiro e vinham com o mesmo aviso de sempre: Não sujem o carro!
Após isso lá íamos à feira do bairro, que acontecia sempre aos domingos, comprar legumes, verduras e frutas para a semana toda. Após chegarmos em casa e minha mãe guardar tudo púnhamo-nos a andar com destino à da casa de minha avó, que ficava em outra cidade(São Bernardo do Campo).
Era um percurso demorado, cerca de 1 hora, que para nós era uma eternidade. Pelo caminho, nós crianças, íamos atrás brigando brincando uns com os outros. Quando finalmente chegávamos, era uma festa! A casa da minha avó tinha tudo o que uma criança poderia desejar, um cão(cadela, a Suzy, que me detestava!), passarinhos, um cágado(a Huguinha, que ainda existe!), rebuçados, montes de gente(ainda tinha 1 tio e 2 tias solteiros ), vários livros de banda desenhada(o meu tio era e ainda é viciado), vizinhança boa, sossego na rua para poder brincar, e o mais importante: a minha querida avozinha, que era um doce de pessoa, tinha sempre uma surpresa para mim(um vestido para a boneca, um pequeno peluche...). Mas sobretudo o que eu mais gostava era de andar atrás dela, sentir o quanto gostávamos uma da outra(era por isso que a cadela me detestava, tinha ciúmes...).
Nestes dias, os almoços eram alegres e barulhentos, com no mínimo 10 pessoas à mesa. A minha avó fazia sempre uma grande travessa de arroz de forno, que para mim ainda é o melhor de sempre. A receita foi alguma vizinha que lhe passou, e ainda me lembro do pedaço de papel com a letra dela escrito... O nome do prato era arroz brasileiro, vá se lá saber porque, afinal os ingredientes existem em muitas partes do mundo!
É uma receita muito fácil e económica, e mesmo quem não tem muito jeito para cozinha(não era o caso de minha avó!)é capaz de confeccionar este arroz e fazer um figurão num almoço de família! Já fiz as mais variadas versões. A primeira que publiquei, é a versão original, não vegetariana. A segunda versão, vegana, publiquei-a aqui no seguimento da participação da 6ª fase da BCFV, a Melhor Idade, onde falo um pouco sobre a história da minha avó, que é uma das pessoas mais importantes de minha vida. O título desta publicação define bem o que ela era, um anjo, uma doce mulher, mas com coragem de leoa.

Esta versão de hoje, uma das muitas que já fiz, batizei-a de Arroz Alternativo da Vovó, porque levou dois ingredientes especiais, feijão Mung e sementes de chia. Sinta-se à vontade para fazer a sua própria versão, garanto que não se arrependerá!

E será com esta receita de arroz, para mim, muito especial, que junto-me à festa de comemoração do 1º aniversário do blogue da Mané, o Bolo da tia Rosa. Uma delícia de cozinha, onde dá vontade mesmo de entrar, sentar e tomar uma chávena de chá, prosear um pouco, e saborear uma fatia do fantástico bolo da tia Rosa e não só... porque coisas deliciosas lá não faltam!

Ingredientes (para 2 pessoas)
1/2 chávena(chá) de arroz lavado
1/2 chávena(chá) de feijão Mung (ou ervilhas congeladas)
1 colher(sopa) de sementes de chia
4 azeitonas descaroçadas e picadas
1 tomate pequeno sem casca e cortado aos pedaços
1/2 cenoura cortada aos cubinhos
2 colheres (sopa) de queijo parmesão vegan(receita aqui)
salsa, oregãos e cebolinho, tudo fresco e picado
sal e pimenta a gosto
1 colher(sopa) de azeite extra virgem
2 chávenas(chá) de água a ferver
Preparação:
Misturar todos os ingredientes numa travessa de ir ao forno(deixar alguma folga porque o arroz e feijão crescem ao cozer). Levar ao forno médio(cerca de 170ºC) por cerca de 40 minutos a 1 hora. Nesta versão, no início da cozedura convém mexer, pois alguns grãos de feijão Mung poderão ficar à superfície e não cozerem devidamente. Acompanhado com salada ou verdura cozida, no meu caso hoje foram grelos de nabo, é uma refeição completa. 
O arroz fica com uma camada crocante de legumes por cima e soltinho por dentro, uma delícia!

11 comentários:

  1. Boa noite :) :)
    Lina estou com um sorriso entre o ternurento e o malandro...que bom ver (imaginar) toda a vivência familiar, que bom sentir a "vergonha dos pais" e a traquinice dos filhos, que bom sentir a presença da avó.
    Muito obrigada Lina pela tua partilha e pelo teu arroz a saber a festa na família (o teu relato não me deixa dúvidas que preservas o património mais importante: a família)
    MUITOOOOOOOOOOO Obrigada por estares aí e trazeres este arroz cheio de amor
    :) :)

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  2. Lindas recordações amiga!

    Este pratinho ficou mt apetitoso!

    Bjs

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  3. É taooooooooo bom as nossas recordaçoes felizes... eu acho que as tristes nem como recordaçoes ficam, e sim como ensinamentos para o futuro!!!

    Esse arroz é show... Adorei!!!

    Beijocas

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  4. Olá Lina:)
    Não sabia que eras do Brasil. Fiquei encantada com a tua história:)
    O arroz da tua avó é muito especial porque além de ser uma delícia está cheio de doces recordações. Óptimo para celebrar!

    Boa semana!
    Beijinhos

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  5. Uma delicia mesmo! A camada crocante deve ser muito boa e diferente :)

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  6. Que delícia... eu amei a sua receita!
    Amo de paixão tudo com arroz! rs!
    Vou te visitar mais vezes! Seguindo...
    Beijos e uma linda semana para você!

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  7. Oi Lina querida, esse seu relato me fez lembrar das comidinhas deliciosas que mamãe fazia
    Sinto falta também das mesas fartas e repleta de alegria, com todos reunidos, nos divertíamos muito
    O arroz ficou bem ao meu gosto, com ingredientes que aprecio muito e o aspecto está bonito e apetitoso.Gosto muito de acompanhar com verduras assim, com umfio de azeite, adoro uma verdurinha. Gostei muito amiga. Bjos, uma excelente semana

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  8. Lina, vocês eram muito arteiros!! Na missa, então... Mas são dessas coisas que mais nos lembramos quando crianças, não é mesmo? Das brincadeiras, dos cheiros, dos gostos... são tantas as lembranças boas que, não é à toa, dizem que a infância é a melhor fase da nossa vida! Não pensamos em futuro e este parece bem distante!
    Hum... minha mãe fazia "Arroz de Forno" e era muito parecido com esse que sua avó fazia, só que o arroz era cozido. Não conheço o feijão mung e a palavra "genuflexório". Que palavrinha!! :=))
    Boa semana!! Beijus,

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  9. Arroz é uma dádiva, é mesmo uma Festa!

    Chegou o dia do primeiro aniversário e à mesa estamos 33... perdão, corrijo, estamos 34, com a minha prima Margarida que trouxe o ingrediente para fazermos toda esta!

    E, decerto que não nos importamos de partilhar com cada um que nos visite!

    Se alguma dúvida havia sobre a festividade que o arroz encerra ela ficou completamente dissipada com esta festa. Ver chegar cada uma das participações foi também uma confirmação de dádiva, que agradeço com um rasgado sorriso.

    Obrigada, nunca é demais repetir, por partilharem as vossas histórias, por trazerem o vosso arroz e estarem aqui comigo.

    Não tenho a noção de quando tempo teremos estes momentos de partilha, não estou inquieta com isso, mas quero que saibam que o balanço deste ano inesperado aqueceu-me o coração e fez-me sentir grata por cada um de vós.

    A ordem que aqui colocarei as participações será a ordem de chegada, creio não me estar a esquecer de ninguém - sintam-se completamente à vontade para o referirem , se tal lapso acontecer.

    E, por favor sirvam-se… partilhem e saboreiem cada momento neste momento.

    A festa é nossa!

    Vamos, está quase na meia noite, vamos lá saborear todas estas iguarias!

    http://obolodatiarosa.blogspot.pt/2012/04/arroz-e-uma-dadiva-e-mesmo-uma-festa.html

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  10. Alternativo ou não, o aspecto é fantástico, então o sabor não deve enganar :D
    beijinho

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