Não, nem peixe! Esta deve ser a pergunta mais clássica feita a um vegetariano.
Por isso resolvi dedicar o texto de hoje que é Dia Mundial do animal ao peixe. Quando olho para um aquário e observo um peixe a nadar de um lado para o outro com o seu olhar vítreo, a primeira sensação que me invade é de profunda calma e acho que isso é geral. Aliás a maior parte dos aquários, principalmente os presentes nas casas, fazem parte da decoração, como um quadro, um quadro para aliviar o stress, dos humanos, claro, porque já o peixe... O peixe não interage connosco como um cão ou um gato mas reage a estímulos quando lhe deitamos comida ou batemos no vidro, ou seja luta pela sobrevivência como qualquer animal, então podemos concluir que também sente dor. A primeira razão para ter me tornado vegetariana é porque não quero causar sofrimento e morte a mais nenhum animal para que eu me alimente e isso inclui também o peixe.
Confesso que eu também não pensava muito sobre o sofrimento dos peixes até ter lido o livro Como Comemos, de que já falei aqui. Depois que li como muitos peixes, sobretudo os de grandes dimensões vivem em produção industrial e a maneira como morrem, vi como estes animais são tão desprezados e prejudicados por nós seres humanos.
A aquacultura tem vindo a aumentar devido à grande procura do peixe na alimentação e tal como toda e qualquer superprodução, tem malefícios ao meio ambiente:
- O peixe também produz excrementos e ainda mais numa criação industrial, alimentados com ração para que seja obtida a máxima produção. Os efluentes gerados, se lançados sem tratamento prejudicam gravemente os ecossistemas, poluem os rios e mares.
- Muitas vezes são feitas culturas de espécies não nativas da região. Alguns exemplares escapam-se e causam desequilíbrios nos ecossistemas próximos pois são mais fortes que a espécie local e ainda podem disseminar pragas e parasitas.
A pesca de arrasto, que consiste no arrastamento de grandes redes ao longo do fundo do mar, esmagam tudo por onde passam, destroem a floresta que existe no fundo do mar e matam muitos animais marinhos que não servirão para alimento, como tartarugas, golfinhos, cavalos marinhos, estrelas do mar...
Aqui no site da Greenpeace Portugal podemos ler mais sobre o assunto.
O paladar é algo que se educa, tanto sabemos isso que quando algum alimento nos é proibido por questões de saúde temos que aprender a fazer as substituições necessárias. Ser vegetariana foi uma escolha, saber que os meus alimentos não são obtidos por qualquer forma de sofrimento deixa-me muito tranquila, mas não é por isso que a comida tem de ser sem graça, até pelo contrário... O mar ainda está presente na minha alimentação através das algas, da flor de sal, do agar-agar transmitindo um sabor sutil e delicado a muitos pratos e enriquecendo de sais minerais a alimentação.
Salada de tofu, feijão frade e algas, receita aqui |
Massa do mar, receita aqui |
Inspirada nesta receita de Legumes do Mar, da Sandra do delicioso blogue vegano Papacapim, fiz há tempos uma versão de caldeirada de algas em substituição da caldeirada de peixe, que como já expliquei aí em cima, não como mais.
Ficou uma delícia e é um prato ótimo para saborear nos dias mais frios que aí se aproximam.
Caldeirada de algas
(2 pessoas)
2 batatas médias descascadas e cortadas às rodelas de 1cm de espessura
3/4 chávena(chá) de grão de bico cozido
2 dentes de alho picados
1 cebola média em rodelas
1/2 pimento vermelho
1 ou 2 tomates bem maduros cortados às rodelas(depende do tamanho)
Cerca de 10 grs de algas Wakame (expande bastante)
1 raminho de salsa
1 punhado de hortelã
Azeite, vinho branco, sal(ou melhor flor de sal) e pimenta preta
Preparação
Coloque as algas para demolharem em água, numa pequena taça, por cerca de 10 minutos.
Num tacho pequeno, coloque os ingredientes por camadas, da seguinte forma: tomate, batatas, grão, pimento, algas, cebola, alho. Vá temperando as camadas com um pouquinho de sal(ou flor de sal), pimenta, azeite, salsa e hortelã. Regue tudo com um borrifo de vinho branco. Tape e deixe cozer em lume brando agitando o tacho de vez em quando. Se necessário(o que é raro) borrife com um pouco de água.
Fazes muito bem em incluir outros produtos do mar na tua alimentação. Pois se dizem que o peixe é um alimento nutritivo e que contém sais minerais, é porque as algas e a constituição da água também é assim; logo, consumir algas e flor de sol por exemplo, alimentos que são ricos iodo, que é um mineral que muitas pessoas dizem que os vegetarianos não conseguem obter por não consumirem peixe (estão bem enganadas).
ResponderEliminarEstou a gostar de ler estes artigos para a semana vegetariana, parabéns Lina pelo trabalho! :)
Esqueci-me de contar que ainda ontem me perguntaram se comia peixe na faculdade... Eu respondi que não, e seguiu-se a típica pergunta do "onde consegues obter proteína com a tua alimentação?" da parte da outra pessoa... Eu respondi com a maior normalidade, e a conversa acabou a falar da forma curiosa e engraçada das lentilhas :)
ResponderEliminarMas acho que ainda há muita coisa a desmistificar na cabeça das pessoas, não achas? :p
Tens razão Lina, a primeira pergunta que fazem a um vegetariano é "nem peixe"? Como se peixe não fosse um ser vivo. Eu particularmente não gosto de ver peixes em aquários assim como não gosto de passarinhos em gaiolas, o mundo e o mar todo para nós, e para eles a prisão? Não acho justo. Pensei muito em todas suas postagens sobre o assunto, são coisas a pensar mesmo. ótimas suas postagens Lina. Sua refeição, ficou linda. Parabéns pelos posts. Beijinhos
ResponderEliminarA mim perguntavam-me "Nem marisco???", ah, ah...
ResponderEliminarNem marisco. ;)
Belos artigos, Lina, estou a adorar.
Mil beijos
Isabel
Pois Lina, tenho algumas pessoas/amigos que conheço que se dizem vegetarianos mas comem peixe, hehehe.
ResponderEliminarEu peixe adoro...desculpa!! Estou no meio termo, vá.
Carne conseguiria na boa deixar de comer. Mas peixe acho que não.
Para já. Já te disse e volto a repetir, admiro-te!
Um beijinho.
Faz um tempinho que não venho por aqui, mas adoro suas receitas! beijos!
ResponderEliminarOlá Olá peixinha Lina.
ResponderEliminarComo vai a vida? Então este texto não é digno de fazer parte da teia ambiental? Eu acho que tem tudo a ver. Queres reconsiderar? Posso juntar à lista de participações?
Tenho me ausentado da net por periodos longos e quase que perdia o post em que falas do livro que te emprestei. Percebo que estás forte e firme no vegetarianismo, inclusive "nem peixe"!! Suponho que nem marisco (como mencionou a Isabel - risos -).
Os teus pratos veggie estão de dar água na boca. O que mais amo no vegetarianismo é o colorido à nossa mesa. Noutro dia fiz uma saladinha de grão com papaia, cebolinha picada, salsa e queijinho de tofu, um luxo!!
Beijinhos saudosos.
Rute
Que receitinhas boas :)
ResponderEliminarOlá Lina!
ResponderEliminarPor acaso costumas a fazer tofu caseiro?
Olá Lina!
ResponderEliminarQueria agradecer-te pelo interesse demonstrado no meu blog.
Eu também li o livro Como comemos e confesso que mexeu um bocado comigo. Não sou vegetariana, mas reduzi muito o consumo de carne. O peixe e os moluscos é que me custa cortar, mas tenho toda a admiração pelos que conseguem ser vegetarianos.
Beijinhos