sábado, 7 de julho de 2012

Reunir, o 4º R

Um caso invulgar tem sido notícia nos jornais e lidera o assunto destes dias nas conversas aqui na minha cidade. Um homem, com cerca de 38 anos e que vive com a mãe no centro da cidade, não é visto há 18 anos por ninguém, ou seja, não sai de casa há 18 anos! Um familiar fez a denúncia às autoridades porque deseja saber como ele se encontra, e agora as televisões têm vindo ao local na tentativa de captarem uma imagem do homem. O ministério público já averiguou o caso e diz que ele está vivo, aparenta boa saúde e apresenta um discurso coerente e atualizado. Eu ouvi muitas opiniões sobre o caso e também tenho a minha. A maior parte das pessoas que ouvi condenaram o seu isolamento e a atitude da mãe em não tomar providências para que o filho se tratasse. Engraçado pensar como as pessoas que condenam este isolamento total, que quanto a mim, o maior prejudicado é a própria pessoa, mas não pensam que os seus "isolamentos" parciais são muito mais prejudiciais à comunidade. Conheço muita gente que mora na cidade e não caminha para ir ao trabalho, não passeia pela cidade, não compra no comércio local para não conviver com as pessoas da terra, ou apenas para conviver com quem lhe convém. 
Também conheço pessoas que quando falo que vou ao Porto de autocarro ou comboio reagem como se eu utilizasse esses meios porque tenho medo de conduzir numa cidade...Como se conduzir numa autoestrada fosse um qualquer ato heróico! Eu cá para mim prefiro ir de comboio ou autocarro a apreciar a paisagem e se for acompanhada a conversar, além de que todos sabemos(menos os áses do volante) que a utilização de transportes públicos é melhor para o planeta, menos CO2 são libertados para a atmosfera. Infelizmente essa maneira de pensar acaba por comandar os destinos de um país inteiro. Quantas estradas foram construídas, sulcando as paisagens, causando desequilíbrios ambientais, destruição de terrenos férteis e cursos de água, a grande utilização de combustíveis fosseis na pavimentação gerando poluição, destruição de aldeias e modos de vida para que apenas "meiaduzia" de automóveis lá circulem! Será que não seria melhor incentivar o uso dos transportes públicos e melhorar as linhas existentes? Logicamente seria menos gravoso para o ambiente e mais leve para os cofres do Estado e consequentemente o nosso bolso.
A maneira de pensar de um povo é que faz uma Nação. E cada pessoa que cá está faz parte do povo. Eu, tu, nós e eles. Muitas vezes temos a mania de dizer que a culpa é deles, de quem governa...Mas todos nós somos responsáveis pela linha de pensamento e atitude do coletivo, quanto mais não seja pelo exemplo, para os mais jovens!

Eu cá continuarei a ir a pé para o trabalho, utilizar as escadas em vez do elevador, comprar no comércio local e utilizar os transportes públicos sempre que possível. Eu faço a minha parte e você?

Para mim os 3 r's passaram a 4. Reduzir, reutilizar, reciclar e reunir.

Reunir pessoas no transporte público, reunir pessoas para fazer uma horta comunitária, reunir pessoas num mercado local, reunir pessoas nos passeios públicos, reunir pessoas para publicarem na Teia Ambiental...reunir para sermos melhores. 

A união faz a força!

A receita que vos trago hoje já não é novidade aqui no blogue, já foi mostrada aqui. Cedi ao pedido da minha filha e reunidas na cozinha chegamos ao resultado que é sempre surpreendente. Desta vez troquei os espinafres(que não tinha) por couves e o bolo ficou delicioso na mesma, por isso acredito que poderá ser feito com qualquer verdura (agriões, alface, acelga...). 

Aproveito a oportunidade do verde aparecer outra vez por aqui para passar o testemunho de escolher a próxima cor para o dia 21/07/2012 para a amiga Romy, do blogue Receitas da Romy. Tenho a certeza de que ela fará uma ótima escolha dentro do arco-iris para que a nossa aventura colorida continue com a coletiva Blogagem das Cores!

Bolo de couves
Ingredientes:
2 ovos
1 ½ chávena de açúcar amarelo
2 chávenas de chá de farinha de trigo
1 colher (sopa) de fermento em pó
1 colher (sobremesa) de aroma de baunilha
¼ chávena de chá de óleo de girassol
1 mão cheia de folhas de couve galega
Preparação:
Comece por untar uma forma com cerca de 20cm de diâmetro com óleo e polvilhe com farinha. Ligue o forno a 170ºC. Coloque no copo do liquidificador(ou use a varinha) as couves, o óleo, o açúcar e os ovos. Bata até homogeneizar. Coloque esta mistura numa taça, junte a farinha, o aroma de baunilha e o fermento com movimentos delicados. Transfira a massa para a forma e coza no forno por cerca de 30 minutos. Desenforme, espere arrefecer e sirva. Fica ótimo com cobertura de chocolate!

20 comentários:

  1. Grandes verdades reunidas a cada linha de tua participação, Lina.
    O mesmo se dá por aqui, em terras brasileiras, e todo desperdício consequente destas faltas de projeção e cuidados ao meio ambiente geram as mazelas que vc descreveu.
    Que bonito ficou este bolo de couve.Nunca provei,mas vou consertar isto.
    Bjos,
    Calu

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  2. Lina minha querida amiga, adorei seu post, penso como voce, procuro evitar o carro, sempre quando saio vou a pé, faz bem a saúde também.Sem a consciência por parte dos cidadãos de que a cidade funciona como um organismo vivo, as vias são suas artérias e nós com nossos carros somos o colesterol ruim, não adianta em nada inovar tecnologicamente. E estou fazendo bem a minha saúde e ao nosso Meio Ambiente. Lindo seu bolo de couves, a cor ficou fantástica. Parabéns pela sua participação. Amiga aproveito e agradeço sua força e carinho. Beijinhos, excelente final de semana

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  3. Adorei a receita! Deve ficar deliciosa! Vou tentar.

    Com relação ao transporte: sim! Claro que coletivos (aqui chamamos Ônibus e Táxi Lotação (no centro do Brasil chamam Van - que é um modelo de carro)amenizam os impactos ambientais. Temos, em nosso país, especialmente nos grandes centros urbanos, problemas seríssimos de superlotação. Uma reivindicação constante por melhores transportes. Há um movimento intenso, também, para que se inaugurem mais e mais ciclovias, um assunto que recém está mexendo com a consciência ambiental! Necessária e urgente providência, para evitar mais danos ao meio ambiente (tanta descarga ambiental tóxica!!!). Ganha o planeta, ganham as pessoas e seus relacionamentos.

    Quanto ao senhor isolado: estranho que a família tenha deixado passar DEZOITO ANOS para apresentar um denúncia! De quem haverá de ter sido o 'esquecimento'? Qual a história por detrás disso tudo?

    Também, lembro de um amigo pensador que sempre dizia: "Não te importa com o que dizem os outros. Se alguém não onera com suas lamúrias, ressentimentos e julgamentos, já está contribuindo para a melhoria de tudo e todos! E ele não está isolado. Está com sua mãe com quem, pelo jeito, vive bem! Claro que é estranho para nossos conceitos, mas, se ELE ESTÁ TRANQUILO, não é o que importa? Beijos e, mais uma vez, parabéns pela receita verde!

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  4. Que lindo esse bolo verde !!!

    Ora, ora, que nunca pensei nisso...

    Não entendo por que as pessoas acham que o homem tem que sair de casa... Se ele está saudável, feliz, não prejudica ninguém e quer viver no isolamento, que viva !!!

    Eu não dirijo carro, apesar de já ter feito isso, e quando saio só, vou à pé ou de ônibus. Quando vou com o Gilberto, deixamos o carro parado e fazemos nossas tarefas à pé. Moramos distante do centro da cidade 3 km, mas se morassemos lá, nem usaríamos o carro.

    Entretanto, vejo pessoas pegarem o carro para andar distáncias mínimas ! E depois vão para as academias fazerem exercícios...
    Incoerência total, me parece isso.

    Enfim...

    Beijo

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  5. Ui!
    Eu ja comi bolo de espinafres e gostei muito do sabor... acredito que esse tambem se coma bem. O aspeto final esta otimo!
    E o tema que usaste para a Teia Ambiental esta bem original (nao vi essa noticia...pois, nao sabemos os motivos e julgar nao faz bem a saude!)
    O.k. mais um R de reunir!!! ;)
    Muitos beijinhos, mana, a ver se nos reunimos um dia destes! :)
    Isabel

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  6. As pessoas que se incomodaram com o rapaz percebia que ele não saia de casa. Mas ele é doente? Tem gente que não gosta de sair, principalmente por encontrar tanto erro no mundo. Desanima ver tanta coisa destruída e pessoas tão desrespeitosas. Mas depois conta o que deu essa história pois é bastante curiosa. 18 anos é um tempo bastante longo.
    Faço uma receita muito parecida com essa, só que coloco em uma camada fina e chamei "verdinho". Ao invés de couve, usei cheiro verde e também fica muito bom. Vou testar com couve.
    Bom fim de semana!! Beijus,

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  7. Acho que tens toda a razão... acho imensamente triste que um país não tenha linha férrea em todo o lado. Para ir para a terra do meu pai (em trás os montes) a única opção que tenho é ir de carro, ou de autocarro (que leva uma eternidade, pois moro em Lisboa). Vou levar comigo a receita do bolo de couve, adoro bolos coloridos sem corantes, realmente com cobertura de chocolate deve ser uma delicia, para a boca e para a vista! Bjs*

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  8. Lina... terei muito gosto em escolher a próxima cor da blogagem coletiva :)
    Amanhã mesmo irei publicar a minha decisão ok?
    Quanto ao teu post... adorei e concordo plenamente contigo :)

    Bjs e bom domingo :D

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  9. Legal essa tua colocação, reunir, o 4º r. Se cada um fizer a nossa parte, em pouco tempo, sermos muitos. Muita paz!

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  10. Olá Lina, reunir é sem dúvida algo fundamental à nossa sanidade mental, mas respeito quem mais se retrai... O caso desse Sr. deverá ter uma explicação, enfim..

    Agora o teu bolo está algo de fantástico! Já o vou testar esta semana nas minhas 'cobaias' hehe!
    Beijinho*

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  11. Olá minha querida,
    não soube dessa noticia do rapaz isolado do "mundo" durante 18 anos. É o que dá não ver tv.
    Por falar em isolamento, este fim-de-semana fui passear com umas amigas pelo interior-centro de Portugal. Dormimos numa aldeia isolada num vale entre os montes, onde uma delas tem a casa de familia. O serão foi à conversa no alpendre, a olhar para as estrelas. Ninguém ligou a tv, e o único som foi a música das cigarras.
    Essa minha amiga conta que viveu naquela aldeia até aos 6 anos. Lá, ela era muito livre e feliz. Andava o dia todo sozinha, fora de casa. Na pequena aldeia (de 7 a 10 habitantes) não havia mais crianças. Os pais só lhe punham a vista em cima de manhã e à noite. Durante o dia, ela desbravava montes e vales, searas e ribeiros. Quando veio viver aos 7 anos para Almada, fecharam a miúda em casa. Só podia sair quando ia à escola, de resto passava o tempo, nariz colado à janela a olhar a rua. Pois ninguém a deixava sair com medo dos perigos citadinos.
    Ora bem, a noção de isolamento tem muito que se lhe diga. O isolamento fisico não é igual ao isolamento psiquico, isolar-se das pessoas não é igual ao isolar-se do mundo.
    Há pessoas que adoram estar sempre rodeadas de população porque interiormente estão completamente isoladas do exterior. Interagem com o exterior mas não permitem trocas. Não dão, nem recebem e por vezes roubam energia vital umas às outras.
    Outras há que precisam isolar-se porque são muito permeáveis às vibrações exteriores. São pessoas tão boas e abertas que dão até desvitalizarem, e empatizam com os outros até ao ponto de absorverem para si todos os males do mundo. Pelo que, até aprenderem a gerir com sabedoria a troca energética, elas precisam isolar-se ou evitar reunir.
    Eu gosto de reunir com equilibrio. Preciso de doses alternadas de solidão e população. Mas concordo que é importante utilizações coletivas de transportes públicos, espaços públicos, eventos públicos. Assim evita-se gastos superfulos de combustivel, água, electricidade... É importante evitar o transporte privado, a piscina privada, o relvado privado, etc.
    Boa matéria!
    Obrigada por colocarem em reflexão.
    Beijos.
    Rute

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  12. Adorei o post... Eu também prefiro andar a pé, usar as escadas, concordo consigo!!!
    Nunca tinha visto bolo de couve, fiquei surpreendida com o aspecto delicioso que tem :)
    Um beijinho

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  13. Olá Lina,
    Fiquei muito senssibilizada com o comentário e a preocupação deixada no Iguarias P'ra Gulosos. Não tive mesmo oportunidade de participar nesta COR, e estive algum tempo ausente dos Blogs, com muito trabalho,responsabilidades às quais não poderia deixar de dar resposta; também foi o final do ano letivo dos filhotes, mais dedicação e depois umas merecidas mini férias em família, para descontarir...
    Hoje, vim finalmente visitar os amigos, e este bolo de couve vai também para o meu caderninho. Bolo de espinfres, agrião e courgetes, já são dos meus preferidos.
    Vou também visitar a Romy para saber a cor que ela escolheu, e participar no próximo dia 21/07.
    Um grande Beijinho

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  14. Oi Lina, percebo que as pessoas estão "para fora" de si mesmas. Prestam atenção no outro e nunca em si mesmas. Não tem muito interesse em observar seus próprios gestos e atitudes, dando preferência para o assistem, seja na TV ou na vida do outro, apenas para falar e nunca para compartilhar, conversar, trocar ideias, viver enfim.

    Também vou para o trabalho a pé, gosto muito. Exceto quando chove, há tantas poças de água pelo chão! E estou sempre de transporte coletivo quando vou às compras ou resolver problemas. Gosto de viver assim! É saudável, pois sempre converso com alguém dentro do ônibus. E nos faz caminhar, subir escadas, correr até o ônibus, etc.

    Genial sua participação. Temos muito em comum, mesmo morando em lugares diferentes.

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  15. Olá, querida Lina,

    Vi muita coisa digna de reflexão neste post! O isolamento do homem é curioso e deveria mesmo merecer atenção dos familiares e até dos profissionais da área. Mas o fato é que isso não deve ter acontecido sem um motivo, não é verdade?
    Quanto ao uso de automóveis, particulares ou públicos, isso também tem ocupado a minha mente, sobretudo aqui na minha cidade, que tem carros e engarrafamentos demais, é um estresse, só vendo para crer! Já até comentei com o meu marido, que em vez de estarem fazendo guerras, por causa do petróleo, os homens deveriam mesmo era pensarem numa solução alternativa, pois não falta muito para que o tráfego dos automóveis torne-se inviável.
    Já o bolo, que maravilha, amei, só a cor já é um convite à gula! rsrs.

    Amiga, obrigada pelas palavras de apoio com relação à minha perda recente, elas trouxeram um pequeno conforto ao meu coração.

    Beijo!

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  16. Lina, adorei o seu post! É mesmo assim que penso. Muitas pessoas me olham torto quando digo que não temos carro. Adoro andar por onde moro, vou de autocarro se for longe, pois prefiro caminhar! Me faz confusão as pessoas entrarem no autocarro numa paragem para descer na seguinte!
    Enfim, você disse tudo e muito bem!
    O bolo me surpreendeu! Não imaginava um bolo de couve!!! Muito original e a receita já foi apontada para eu experimentar!
    Beijocas,

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  17. Está tão gira a receita! Nunca imaginei fazer um bolo de couves! :D
    Quanto ao resto do artigo... Concordo completamente! É preciso a união do povo para uma melhor comunicação e troca de ideais, só assim é que evoluímos mentalmente (individulmente) e consequentemente como um todo.

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  18. Hoje é dia da Blogagem Coletiva Amor aos Pedaços!
    Que continuemos juntas com muito amor no coração!
    bj Sandra
    http://projetandopessoas.blogspot.com.br//

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  19. Olá, vim conhecer seu blog hoje e me deparei com uma pessoa de bela consciência ambiental! Sim, há muitos meios de contribuir com uma melhor qualidade de vida e preservação do meio ambiente. Quanto ao bolo de couve, receita inesperada, inusitada e muito original. Gostei! Beijos, Paula

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  20. A cor é fantástica! Adoro sabores novos, deve ser muito bom e diferente!
    beijinho

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