No início do mês passado a agência Moody's cortou o rating de Portugal para um nível considerado"lixo", sublinhando o risco de o país precisar de um segundo empréstimo externo e de não conseguir cumprir as metas orçamentais de acordo com a troika.
Após estas notícias o desanimo tomou conta de nós, a auto estima nacional ficou de rastos, mas a irreverência criativa que nos caracteriza, gerou movimentos de portugueses que literalmente enviaram lixo pelo correio à Moody's numa forma de protesto.
Pois eu acho que fizeram...mal! Afinal o lixo pode ser a nossa salvação. Brincadeiras à parte, porque afinal o assunto é sério, abaixo descrevo um texto baseado nesta reportagem da SIC, o mercado do lixo, que podem ver na íntegra aqui.
Até 1996, Portugal não tratava o lixo, que era descarregado directamente em aterros. Em certas lixeiras o fogo era provocado, gerando fumos e cheiros nauseabundos, além da contaminação de solos e outros problemas associados. Com a entrada de Portugal na União Económica Europeia e a exigência de padrões de tratamento do lixo, iniciou-se a separação do lixo, para posterior reciclagem.
Passados 15 anos o panorama mudou, a separação do lixo contribuiu para a criação de empresas de valorização e tratamento de resíduos sólidos que geraram vários postos de trabalho, além da melhoria do ambiente, pois o volume de lixo que actualmente vai parar aos aterros é bem menor e a tendência ainda é para diminuir mais. Só para citar um exemplo, na Valorsul, que valoriza e trata os resíduos da Região da Grande Lisboa e Oeste é realizada a triagem de materiais recicláveis, para serem encaminhados para a indústria da reciclagem, a valorização orgânica, transformando restos de comida em composto orgânico para utilização na agricultura e jardinagem sendo também possível neste processo a captação de biogás para produção de energia. Os resíduos colocados no lixo comum são queimados para a produção de energia eléctrica: 2000 toneladas de lixo diários que transformados em energia poderão abastecer uma cidade de 150.000 habitantes. As escórias resultantes da queima são ainda aproveitadas para inertes na pavimentação de estradas e o material ferroso para a construção de automóveis. Os resíduos não possíveis de serem aproveitados vão para aterros controlados e estanques.
Apesar do panorama ter mudado ainda estamos longe de conseguir obter todo o produto reciclado que a indústria nacional necessita. A Evertis, empresa pioneira na Europa que produz filme plástico para embalagem de alimentos utiliza 40% de plástico reciclado, sendo 60% adquirido no mercado nacional e o resto é importado, assim como a BA Vidros, que tem de importar também vidro reciclado para completar a sua produção.
Por outro lado a produção de lixo comum também é preocupante. Os dados apontam para uma produção de 1,5kg de lixo produzido por dia por cidadão e a conclusão é de que 40% da alimentação que produzimos vai para o lixo. Um exemplo de iniciativa que deveria ser seguido é o Projecto Dose Certa, uma parceria de 3 restaurantes com a Lipor, em que foi estudado durante um período de tempo os restos produzidos nos restaurantes e chegou-se à conclusão de que 60% eram hidratos de carbono(arroz e batatas). Após essa pesquisa foi possível aferir uma dose certa para evitar a produção excessiva de restos e todas as partes ganham: o consumidor paga menos, o comerciante não tem desperdícios e o ambiente agradece a menor quantidade de lixo.
Reduzir importações, aumentar exportações, reduzir o consumo de energia e de recursos naturais, eis como separar o lixo aumenta a saúde económica do nosso país.
Por isso, se ainda não faz separação do lixo, e é patriota, é mais um motivo para começar.
Existem 37 mil ecopontos espalhados pelo país, o dobro do número de caixas Multibanco, por isso não há desculpas para separar o lixo e contribuir.
E se ainda é daqueles que pensa que é inútil fazer a separação do lixo porque é todo junto na recolha, saiba que isto é um mito urbano, pois os camiões tem separadores para cada tipo de ecoponto.
Por outro lado pense na quantidade de comida que confecciona ou que consome no restaurante, hoje em dia a frase "mais vale sobrar do que faltar" deve ser considerada fora de moda, temos de ajustar as nossas necessidades e comprar e confeccionar apenas o que necessitamos. Poupamos dinheiro, tempo e o ambiente.
A receita de hoje, também foi elaborada a pensar na redução do lixo e na reutilização de frascos de vidro. É possível comprar uma melancia com alguns quilos e deitar fora apenas algumas gramas de casca verde, claro que se tiver um jardim ou horta pode ainda aproveitar as cascas para fazer composto e então a produção de lixo é nula!
Compota de cascas de melancia
- Casca de melancia (só a parte branca)
- Metade do peso da casca, em açúcar
- Pau de canela e cravinhos da índia, a gosto
Comece por ralar a casca de melancia na parte mais grossa do raspador da cenoura e deite-a num tacho. Junte-lhe o açúcar, a canela e os cravinhos e misture muito bem.
De seguida leve ao lume e, quando ferver, mexa de vez em quando até ganhar o ponto de estrada.
Retire do lume, deixe arrefecer, verta em frascos(reutilizados)esterilizados, tape e guarde.
E com esta deliciosa compota termino a minha participação na Teia Ambiental de hoje.
Olá querida Lina, gostei muito da sua participação de hoje, concordo com vc qdo diz que o lixo poderá ser nossa salvação, eu creio que podemos dizer que a reciclagem é uma das formas mais sustentáveis do mundo, o ato do reeuso de um material que poderia ir para o descarte significa muito mais do que apenas gerar outro material. Todos juntos podemos sim salvar o planeta e ainda um pouco que se faça já faz muita diferença no ciclo em que vivemos, não é mesmo? Muito proveitoso e edificante o tema que escolheu. Quanto a compota, costumo fazer em casa, fica realmente muito bom, a sua ficou linda. Parabéns pelo post querida, tenha um ótimo domingo
ResponderEliminarAmiga ambientalista, muito boa sua participação na Teia Ambiental, inclusive a receita !
ResponderEliminarApesar da minha postagem ter sido assustadora, sei que tudo tem solução, só depende de nós, e muita coisa podemos fazer sem esperar pelos governantes.
Eu, filha de portuguêses, sempre ouvi essa frase: melhor sobrar do que faltar, mas nunca segui essa regra familiar, preferindo usar a quantidade certa, pois detesto desperdício !
Já coloquei seu link na minha postagem. Ao longo do dia irei colocando os outros participantes. Leia as outras participações, pois estão interessantes.
Beijo
Parabéns pelo blog! Adorei as ideias.
ResponderEliminarhttp://tecendoossabores.blogspot.com/
Beijos.
Gosto muito de ver iniciativas privadas ou não sobre aproveitamento do lixo. Reciclagem é uma maravilha!
ResponderEliminarMuita gente pode se beneficiar disso.
Essa compota feita da parte verde melancia já fiz algumas vezes e conheço há muito tempo. Muito bem lembrada para a coletiva. Essa fruta é uma das que mais geram lixo, uma pena!
Bom domingo!
Olá, querida
ResponderEliminarJá fiz essa compota e noutro dia fiquei tão triste quando fui procurar e a nora tinha jogado ..."no lixo" esse puro luxo que dá um doce saboroso... me doeu o coração, sabia???
Fica uma delícia!!! As de maracujá também...
Quanto ao lixo... quando vou à Baixada Fluminense daqui do RJ... fico aterrorizada... Vc precisa ver...
Bjs ecológicos e de paz
Gostei muito da ideia, o pior é que não sou apreciadora de melancia...só que esta receita é muito convidativa (se fosse com casca de melão já estva a caminho dio tacho e a preparar os boies
ResponderEliminarLina,
ResponderEliminarainda hoje falava com o meu marido sobre a importância do lixo a proposito daquela campanha das tampinhas.
Tenho a impressão que se um dia ficasse desempregada, informava-me bem acerca de onde podia vender lixo separado e depois falava com todos os familiares e amigos para me darem o seu lixo!
Uma pessoa que tenha uma garagem ou um sotão pode acumular imenso plástico, papel e garrafas, entre outros itens possiveis de reciclagem e vender para angariar dinheiro.
Tenho um vizinho que todos os dias anda aos caixotes com um carrinho daqueles de supermercado. Ele procura essencialmente ferro e outros metais. Guarda tudo na garagem e suponho que vende ao ferro-velho!?
Incrivel não é!
Excelente tema o teu! Faz muito sentido o que defendeste aqui.
Estás imparável em termos de criatividade consciente :)
Beijinhos,
Rute
P.s.-Queres que te empreste outro livro? O Livro da Consciência de António Damásio?
Ups, com tanta conversa, esqueci-me de dizer que adorei a receitinha de reciclagem, das cascas da melância!
ResponderEliminarTambém vi essa reportagem, muito interessante. Mas mais que tudo essa receita! Não fazia ideia que se podia aproveitar essa parte branca da melancia para fazer um doce *.* deve ficar super bom! Adoro melancia!
ResponderEliminarLina, super interessante teu post e totalmente necessário. È preciso que mudemos paradigmas antigos e tratemos de conferir ao lixo a importância que deve receber em tempos de preocupação ambiental justificada.
ResponderEliminarO Japão já faz coleta e reaproveitamento há décadas e são exemplos de ótimos resultados.
Está mais que na hora de sermos responsáveis com o lixo que produzimos.
Excelente alerta!
Mil bjinhos,
Calu
Devemos aprender com a própria natureza, pois nela nada se perde, tudo se transforma. Então, reutilizar tudo quanto for possível e estudar para reaproveitar o q hoje é impossível. Lixo é dinheiro.
ResponderEliminarLIna, fantástica participação, fantástico post e marivilhosa compota!! Nunca tinha pensado que se poderia fazer um doce dessa parte da melancia!! Estamos sempre a aprender! :)
ResponderEliminarSe todos fizermos a nossa parte, faremos toda a diferença! Obrigada pela partilha super importante e hiper útil para melhorar o planeta :)
Beijinhos
OLÁ LINA!
ResponderEliminarJÁ VI MUITAS COISAS LIDAS VINDAS DO LIXO, ONDE O LIXO VIRA LUXO, A RECICLAGEM É FUNDAMENTAL BELO POST AMIGA!
ESSA COMPOTA FICOU 5*,PARABÉNS!
BEIJOS, TENHA UMA ÓTIMA SEMANA!
Lina, lendo a sua participação percebi que não importa o país, o ser humano que ali habita tem problemas com o lixo e com a quantidade de coisas que vende, cozinha, compra, gerando muitos resíduos. O que importa é que você se importa e leva sua ideia a todos.
ResponderEliminarAbraços e parabens!
Elaine
Lina querida,
ResponderEliminarProblemas com o lixo é um caso muito sério.
Eu mesma já fiz 2 postagens na nossa Teia comentando sobre os problemas que enfrento aqui em Goiânia/GO, inclusive uma delas publiquei algumas fotos de como é a sujeira na rua em que moro.
Falta apoio e esforço dos governos e principalmente força de vontade e conscientização da população.
Você tocou em tantos pontos fundamentais de como podemos encontrar saídas inteligentes para lidar com o lixo, mas o ser humano ainda está longe de transformá-los em atitudes do dia a dia....um dia quem sabe não?
Quando você falou do projeto Dose Certa feito em alguns restaurantes ai de Portugal, me lembrei de uma reportagem que assisti semana passada, de um restaurante self serviçe que já deixava toda a comida no salão á partir das 09:00 da manhã, quando era 14:00 eles jogavam tudo fora.
Você não imagina a cena que eu vi, os funcionários virando todas as bandejas e panelas no lixo...foi de doer o coração, num planeta em que tantos morrem de fome e muitos passam fome dentro de suas casas!
Eu sei que não é fácil, tem dias que o desânimo me bate fundo....é só pedindo muito para Deus!
Parabéns por sua participação, foi um tema que deu muito o que pensar.
Sua compota ficou Linda, e o sabor deve ser delicioso!!!
Um grande beijo em seu coração!!!
Lú
Minha parceira da Teia, as tuas colocações sobre o lixo são valiosas, e só não segue os teus belos exemplos quem não tem consciência sobre a responsabilidade com o lixo que produz.
ResponderEliminarCuidar do próprio lixo já não é mais um dever apenas dos governantes, mas de todo cidadão que produz o seu lixo.
Tudo começa no ato da compra, nos mercados, nas lojas de lembrancinhas, nas farmácias e em todo o comércio. Nunca comprar o supérfluo, recusar embalagens desnecessárias, levar suas próprias sacolas e já ter em mente a destinação do que irá virar lixo.
Somos responsáveis pelo lixo que produzimos e temos de saber o que fazer com ele, antes de contar com o serviço público. Chegará um dia em que todo o lixo será taxado por peso ou volume e teremos de pagar por tudo que jogarmos fora.
O lixo não é mais um problema do Governo, mas de todo habitante do planeta.
Ótima a tua postagem, sábias e serenas as tuas explicações e sugestões.
A Teia está cumprindo o ideal a que se destina, chamar a atenção sobre os riscos ambientais e propor soluções.
Meus parabéns Lina!
E adorei o post seguinte, o da Segunda sem Carne.
Abraços ecológicos.
Gilberto.
Minha amiga,
ResponderEliminarregressei aqui para assistir à reportagem da SIC sobre o Mercado da Reciclagem.
Como não vejo televisão, escapam-se-me estas pérolas do jornalismo. Mas felizmente que uma menina chamada Lina resolveu compartilhar connosco, tão rica informação!!
Nem dei pelo tempo passar. Foram 38 minutos de muita informação valiosa e até já reencaminhei o link para 3 amigos meus que insistem em divulgar o MITO que o lixo dos Ecopontos é todo junto novamente aquando da recolha. Terminando com a máxima que nós (ecologistas) somos uns ingénuos otários que nos damos a um trabalho inglorio!
Enfim, palavras para quê...
Agradeço-te imenso teres-me proporcionado este momento de esperança na humanidade. Concordo contigo, o futuro das exportações portuguesas pássa pelo lixo!! Como afirma um livro que li: O negócio é ser VERDE!
Beijinhos.
Rute
P.s.Dia 16 penso ir aos CTT e envio-te o último do Damásio.